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Índex Análise Fundamentalista

O quantitative easing do Fed: aonde isso tudo vai parar?

Alexandre E. Santo
11/11/2010
Jornal Valor Econômico

Na década de 1980, o astro da música Prince era um dos artistas de maior sucesso no cenário pop internacional. Em 1984, sua canção "When doves cry" foi a mais tocada do ano, segundo a Billboard. Mas o que tem a ver essa introdução um tanto quanto inusitada num artigo aqui nesse espaço?

Nos últimos tempos, o banco central americano (Fed) vem conduzindo sua política monetária de maneira bastante peculiar, face aos desdobramentos da crise de 2008, que ainda reverberam sobre a economia real. Como disse o ministro Mantega, o Fed "vem despejando dólares de helicóptero".

Depois de ter estacionado sua taxas básicas num intervalo entre 0% e 0,25% ao ano, o BC estadunidense passou a promover o chamado quantative easing (QE). Tais ações, juntamente com a política agressiva de gastos, visam estimular fortemente a demanda agregada e gerar os postos de trabalho necessários para reduzir a taxa de desemprego, que ronda os 10%. Agora recentemente, o Fed acelerou esse processo, com o QE2, prometendo comprar US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro.

Especialistas em economia americana advogam a tese de que os membros do Fed estão divididos entre aqueles que temem que essa postura frouxa em excesso leve a um surto inflacionário preocupante daqui a alguns poucos anos (chamados de hawks - falcões) e aqueles que defendem que esse impulso adicional é absolutamente necessário e que as chances de ocorrer uma inflação perturbadora mais à frente não são tão significativas (chamados de doves - pombos).

Já faz algum tempo que venho alertando para o fato de que a economia americana vive o caso Keynesiano da "armadilha da liquidez", quando a política monetária é ineficaz. Como já havia escrito anteriormente, o multiplicador está abaixo de 1 e a liquidez que o Fed vem injetando está empoçada no caixa dos bancos, remuneradas pelos funds.

Mas por que o Fed, então, prossegue com essa leniência tão incomum em bancos centrais, ao expandir o QE? Vejam, por exemplo, que o Banco Central Europeu (BCE) não tem sido seu companheiro nessas atuações.

A resposta parece evidente: pressionar a curva de juros de longo prazo para baixo. Muitos avaliam que seu intuito é tão somente estimular diretamente o consumo e o investimento, que estão claudicantes. É notório que boa parte das famílias e das empresas está optando por poupar, neste momento.

Estou convencido, entretanto, que o objetivo súpero da autoridade monetária é dar um impulso extra aos mercados de bolsa e imobiliário, que compõem o patrimônio das famílias, para aumentar o efeito riqueza. Nesse caso, com mais lastro (inclusive psicológico), o consumo pode se tornar mais consistente e, aí sim, impulsionar a economia.

Ademais, com essa enxurrada de dólares no mercado, a tendência é que seu valor caia ainda mais frente às demais moedas nos próximos meses, melhorando a competitividade das exportações, o que ajuda, também, o país a sair da crise. Todavia, a tal guerra cambial, tão propalada nos últimos dias, ganhará novos rounds, o que dificulta uma saída harmoniosa para a celeuma global. É a lei de Muricy: "cada um por si"!

A situação econômica nos Estados Unidos é séria! O presidente Obama perdeu as eleições no Congresso basicamente por que não conseguiu reverter o imbróglio, como todos esperavam ansiosos. Os graus de liberdade da política fiscal estão diminuindo, já que a dívida do país já superou os U trilhões. Com a derrota, sua vida fica ainda mais complicada e os republicanos já montam estratégias para recuperar a presidência daqui a dois anos.

Já existem sugestões para o retorno do padrão-ouro ao sistema financeiro internacional. Como o Fed vai agir, se assim for? Também ele perderá graus de liberdade?

Para finalizar, duvido da eficácia dessas medidas, no curto prazo. Tempo, agora, é uma variável chave, inclusive por causa da questão política. Um sério problema que vislumbro é que o balanço de Fed, que já carrega mais de 20% dos títulos do Tesouro, está se deteriorando rapidamente, o que é péssimo. Quando isso vai parar? Quando os pombos chorarem?

Alexandre Espírito Santo é economista da Way Investimentos e diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ







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