Login Fórum Exploração Suportes&Res Notícias Fundamentos Portfólio Dados MetaStock Cursos

Índex Introdução

Reter lucros (juros compostos) X Distribuir lucros (juros simples)

Artigo

Li um artigo que recomenda cotas de fundos que investem em ações que pagam bons dividendos. Vou explicar a minha visão de uma forma bem mas simples do que a realidade. É bom esclarecer que se a empresa não paga os dividendos (parte dos lucros distribuídos aos acionistas) e reinveste estes recursos, ela tende a gerar mais lucros no futuro e conseqüentemente o preço das ações tenderá a subir mais intensamente. Se a empresa distribui 100% dos lucros em dividendos, ela tende a não crescer, pois faltará capital para investir. Ou seja, empresa que paga 100% em dividendos é como "Juros Simples", o capital se mantém e você recebe recursos periodicamente. Quem procura este tipo de papel são as pessoas aposentadas. Empresa que retém e reinveste os lucros, são como "Juros Compostos", ou seja, o resultado (rendimento) é reinvestido para gerar maiores valores no futuro. Quem procura este tipo de investimento, como eu, são aqueles que desejam ver o capital crescer. Por este motivo, inclusive, seria interessante o governo, na Lei das SAs, desobrigar as empresas de distribuírem dividendos.

1º e-mail:

Recebi por e-mail, de um assinante da newsletter, algumas observações muito pertinentes sobre o artigo que escrevi sobre: Reter lucros (juros compostos) X Distribuir lucros (juros simples). Abaixo segue o e-mail em partes e as respostas dadas. Gostei muito das observações do autor do e-mail e estou aguardando mais opiniões para evoluirmos juntos.

“Oi XXXXX,

Quanto a minha opinião, acrescentarei abaixo sob as suas argumentações.

1 – “No boletim de hoje os Snrs. defendem a tese que, simplificadamente, empresa boa é a que não distribui dividendo.”

Eu em momento algum falei que boa era a empresa que não distribui dividendos e ruim é empresas que distribuem. O que falei é , levando em consideração empresas IGUAIS (CLONES) e que tem a onde investir o lucro retido gerando valor crescente ao acionista (modelo simples – “simplificadamente”), no longo prazo, o que gerará maior valor ao acionista é aquele que retém os lucros e reinveste (juros compostos), ao invés daquele que distribui o lucro (juros simples). Neste modelo simplificado não é discutido o custo de oportunidade sobre os recursos distribuídos.

No sugerido modelo simples, sem entrar em detalhes quanto à capacidade da empresa de crescer, a honestidade de seus administradores, etc, eu poderia, em poucas situações, acreditar que seria melhor a distribuição dos dividendos. Uma delas é a intenção de gastar os recursos recebidos por parte do investidor, outra é a incapacidade de vender as ações, por exemplo.

Se eu acredito que a empresa é má administrada ou que ela não me trará valor por qualquer que seja o motivo, vendo minhas ações e deixo de ser sócio dela, ao invés de exigir uma distribuição de dividendos.

2 – “Dividem inclusive as empresas em “de velhos”, aquelas que distribuem dividendos e “de jovens”, como o articulista, que não o fazem.”

A intenção não foi dizer que os velhos são os que gostam de dividendos e os jovens não. A intenção foi ILUSTRAR quando é bom ter ações de empresas que pagam dividendos e quando não. Desculpa se fui mal interpretado.

3 – “Bem, imagino que a distribuição dos resultados, não seja, por si só uma destruição de riqueza. O lucro distribuído sobre a forma de investimentos me parece ocasionar um aumento de disponibilidades na mão do investidor, que o reinvestirá na mesma ou em outra empresa que seja, ou pelo menos aparente ser, a seu critério, mais rentável. Isto sim significa aumentar a riqueza.”

Se você for investir na mesma empresa os recursos recebidos, acarretará em um custo extra ao comprar as ações de pelo menos a corretagem e emolumentos, além de outros como o spread entre a compra e a venda, timing, etc.

Se for investir em outra empresa por acreditar que ela é uma melhor opção do que a que está no momento, será que não seria melhor liquidar as posições e reinvestir em outra?

Se quiser ter a mesma posição e colher os recursos distribuídos para aplicar em outros investimentos, então neste caso específico é melhor que a empresa distribui o lucro e no ato de investir em outra empresa você manterá a idéia dos juros compostos. Mas vou frisar que este é um caso bastante específico e sai de meu modelo simples.

4 – “Por outro lado investir numa empresa que não distribui seus resultados parece-me colocar o investidor eternamente a mercê da boa vontade do empreendedor. Daí a advogar que o empreendedor foi muito ‘bonzinho” em deixar o poupador participar de sua empresa e que pedir que ele distribua os resultados do negócio é exigir demais, é um pulo.”

Não me parece, se eu não gosto a administração de uma empresa vendo minhas ações, não são os dividendos distribuídos que salvarão a situação. Os lucros distribuídos ou retidos não tem absolutamente nada com relação a boa ou não vontade do administrador.

Aguardo a contra argumentação para melhorarmos o entendimento sobre o assunto e juntos evoluirmos o nosso conhecimento. Hoje mesmo colocarei este e-mail, sem citar nomes, no relatório e foros para que todos possam participar.

Obrigado pelas opiniões.

2º e-mail:

“Oi XXXXXX,

Vamos lá...

1- “Investimento perpétuo que não devolve rendimentos vale, matematicamente, zero. Ações é um exemplo típico de um investimento perpétuo, pois, diferente de um título de crédito, a empresa não tem a obrigação de devolver o capital investido. Logo, se ela não distribuir dividendos seu valor é? ...!”

Aplicar em poupança é um investimento perpétuo ou não? Quem deseja ver o capital aumentando, não retira o rendimento e tem juros compostos (lucro retido). Quem quer retirar o rendimento para gastar terá juros simples (dividendos). É exatamente isto que falei. Em um investimento perpétuo, a onde você está impedido de retirar o principal, os dividendos são de máxima importância, como falei no e-mail passado. Mas em um investimento em que você pode decidir sair dele a qualquer momento, o dividendos não é necessário.

2- “Existe o argumento colocado por você que você sempre pode realizar seu investimento vendendo suas ações em Bolsa. Mesmo não considerando os custos de transação nessa operação, custos esses não existentes num simples recebimento de dividendo, eu pergunto: Se é verdade que a empresa vale 0, ver o argumento anterior, quem seria o louco que vai lhe comprar o ativo?”

Acredito que a resposta está no item acima com o exemplo da caderneta de poupança. Se a pessoa opta por deixar um período sem retirar os rendimentos o valor do montante é zero? Acredito que não.

3- “Sob a ótica da empresa não tenho dúvidas que é mais barato reter dividendos que chamar aportes de capital. O custo mais importante é. Para mim, o risco do minoritário não acompanhar a chamada, o que obriga a empresa a cobrar menos pela sua ação. Mas se isso é verdade pela ótica da empresa, pela ótica do investidor a opção retenção de resultados seria mais cara que uma subscrição. “

No meu ponto do vista o que é o melhor para a empresa é melhor para os seus acionistas. Obserque que falei o melhor para a empresa e não para os administradores dela, o que é diferente.

4 – “Existe umas outras considerações que por menos relevantes, não merecem tomar parte do seu precioso tempo. Por ora finalizo concordando com você que uma empresa bem administrada, com uma administração honesta e que tem onde investir o lucro criando riqueza para o acionista é uma preciosidade que não pode ser abandonada. Mas minha dúvida a respeito é: quem vai afirmar que a empresa é tudo isso “ex ante” da apuração do resultado? No meu entendimento jamais poderá ser o empreendedor, o dono da empresa. Essa é uma função indelegável do investidor, afinal é o dele que está em risco.”

A discussão não é sobre a boa ou má administração da empresa, pois em uma má administração é melhor vender as ações e não esperar os dividendos serem distribuídos, concorda?

Aguardo novamente a contra argumentação para melhorarmos o entendimento sobre o assunto e juntos evoluirmos o nosso conhecimento. Hoje mesmo colocarei este e-mail, sem citar nomes, no relatório e foros para que todos possam participar.

Obrigado pelas opiniões.

3º e-mail:

“Oi XXXXXX,

Vamos lá...

1 – “...A caderneta de poupança não é para mim um investimento perpétuo. Um investimento que você aplica hoje e pode resgatar amanhã, perdendo apenas esse dia de rendimento, passa longe do que eu chamo de um investimento perpétuo. Para mim um investimento perpétuo é aquele em que você troca o capital pela promessa de pagamento de um rendimento “per omnia saecula seculorum”.” Um exemplo típico de tal tipo de aplicações são as debêntures perpétuas, que, se eu não estou enganado, aqui no Brasil foram emitidas no passado pela Vale. Tais papéis só são resgatados quando a empresa descumpre alguma cláusula da emissão ou quando for promovido, a critério do emitente,o cancelamento da emissão. É claro que esses títulos valem pelo valor presente de suas anuidades, uma vez que o resgate do principal depende da vontade soberana do emitente. De certa forma uma ação é muito parecida com um título desses. Uma vez feita a aplicação você terá apenas o direito a uma participação nos lucros auferidos na empresa e a uma eventual e remota participação no montante arrecadado no caso de liquidação da empresa.”

Uma poupança, para você obter o ganho, tem de esperar um mês, já ações, você pode comprar e um segundo depois vender, obtendo o rendimento imediatamente. O investimento em ações nunca foi e nunca será perpétuo, mesmo porque quase 100% das empresas de capital aberto tendem a deixar de existir em menos de 100 anos.

2 – “Talvez agora você entenda o meu argumento que uma ação que não paga rendimento nunca não poderia valer nada diferente de 0. Ora se ela não pagará nunca um rendimento e se ela não pode ser obrigada a devolver o capital nela aplicado, seu valor tem que ser zero. Espero que você não argumente agora com o preço, por exemplo, das ações da Telebrás, que nas condições normais de temperatura e pressão não pagarão dividendo nunquinha e que são partes de uma empresa que tem patrimônio líquido negativo e que no exercício apresentaram alguns milhares de pontos percentuais de valorização. Para isso, eu não tenho contra-argumento.”

Mandei umas mensagens no fórum projecao.com e também obtive resposta dos participantes e observe o que falei e uma resposta que recebi:

“Oi XXXXX,

Se não me engano, nos EUA não há a obrigatoriedade de distribuir dividendos e também ouvi há uns anos atrás que a Microsoft nunca distribuiu dividendos...

Se for verdade, a bolsa por lá subiu durante várias décadas mesmo nesta situação e a Microsoft não deixou de ser uma das ações que mais geraram valor ao acionista por conta da distribuição.

Sem fazer um estudo detalhado, olhando as empresas que distribuem elevado % de seus lucros em dividendos, elas dão uma rentabilidade total (valorização das ações + dividendos + juro sobre capital próprio) menor dos que distribuem o mínimo no decorrer dos anos.

Um abração,

ricardo borges :-)”

“Ricardo, nos EUA realmente não há obrigatoriedade de distribuição de dividendos.
Por exemplo a Berkshire hataway NUNCA os pagou, desde foi comprada pelo Buffet.
Ele inclusive é radicalmente contra paga-los.
Bração.”

3 – “Concordo com você que o que é melhor para empresa é o melhor para o acionista. Mas a pergunta relevante me parece que não é essa mas sim o que é melhor para o acionista é o melhor para a empresa? Na minha visão, a resposta é um rotundo não. Preciso exemplificar?”

Sem sombra de dúvida você está correto nesta afirmação. O que é melhor para a empresa, é melhor para o conjunto dos acionistas, mas nem tudo que é melhor para um acionista é o melhor para a empresa. Para isto basta que o acionista não tenha interesse em lucro para todos os acionistas e sim tenha interesse em lucro para ele. Basta verificar o caso da Brt e Oi e os acionistas minoritários. Veja o caso dos administradores da Cosan e dos minoritários, etc. O que é melhor para os controladores não necessariamente é para os minoritários.

4 – “Não me passou em nenhum momento a vontade de discutir a qualidade da administração de uma empresa. Para mim, se ela não é boa só resta discutir se o seu destino é o olho da rua ou o xilindró. O problema é que não existe um instrumento capaz de medir essa qualidade ex ante. Nem a estatística é capaz de dar essa resposta. Uma série, por mais longa que seja, de sucessos não implica que no próximo período, por azar ou por má fé, a vaca vá para o brejo. Assim compete unicamente ao investidor, usando a contabilidade, estatística, bola de cristal ou runa, confiar ou não, a cada período, na empresa e sua administração.”

Nisto concordamos plenamente... É o risco de desejarmos uma melhor rentabilidade do que a oferecida pela rende fixa. Relação Risco X Retorno.

5 – “O parágrafo anterior ficou meio esotérico, não? Deixa eu então baixar a bola e fazer uma última consideração a respeito do assunto, dessa vez usando a relés matemática. Se não estou enganado, apurado o lucro líquido, constituída as provisões legais e estatutárias, a Lei obriga a empresa a distribuir apenas um quarto do resultado remanescente e assim mesmo se não houver outro percentual instituído no estatuto da empresa e o seu CA não desaconselhar a referida distribuição. É muito pouco! E o meu amigo ainda sugere a revogação do dispositivo. Faz isso comigo não!”

A sugestão não seria adotada pelas empresas mesmo se eu conseguisse uma aprovação na CVM o que é impossível e o congresso nacional, hehehehehe... Eu só quis colocar os investidores para pensarem...

Aguardo novamente a contra argumentação para melhorarmos o entendimento sobre o assunto e juntos evoluirmos o nosso conhecimento. Hoje mesmo colocarei este e-mail, sem citar nomes, no relatório e foros para que todos possam participar.

Obrigado pelas opiniões.

Ricardo Borges




  Ricardo Borges Financial Training
+55 21 98655-8009 (somente de 11:00hs até às 18:00hs)
 Email - ricardoborges@ricardoborges.com
 
Anuncie Aqui I Consultoria I Conteúdos Sites I Cursos On Line I Política de Privacidade I Termos de Uso
Para que NÃO haja nenhuma dúvida, os sites projecao.com, projecao.com.br e ricardoborges.com NÃO se constituem em empresas, são apenas sites pertencentes ao Ricardo Borges contendo diversos conteúdos que ele deseja disponibilizar relacionados ao mercado financeiro ou não.