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Índex Introdução

Fundos blindados contra a interferência humana

André Delben
25/09/2008
Valor Econômico

Você se lembra do computador HAL-9000, do filme "2001, uma Odisséia no Espaço"? Pois bem, logo ele estará operando no mercado, nos fazendo desejar que ele ao menos não crie os mesmos problemas retratados no filme, quando tentou assumir o controle da espaçonave.

Para eliminar a interferência humana nos chamados fundos quantitativos, todas as decisões de compra e venda de ativos são tomadas de acordo com regras claras, quase sempre implementadas por computadores. Os fundos quantitativos mais sofisticados são, inclusive, chamados de "black-box" (caixas-pretas), pois milhares de ordens de compra e venda de ativos são criadas por um programa de computador e enviadas eletronicamente para as bolsas de valores ou de futuros.

Existem muitos exemplos de fundos quantitativos com um longo histórico de bom desempenho. Entre eles, o Medallion Fund, de James Simmons, com retornos anuais de 35% desde 1989. Sua empresa, a Renaissance Technologies, administra mais de US$ 25 bilhões e é famosa pelo grande número de PhDs entre seus funcionários.

Chamar esses fundos de caixas-pretas, porém, não significa dizer que as regras tenham sido "pensadas" pelos computadores. Muito pelo contrário. Os computadores são as ferramentas utilizadas pelos analistas e gestores de empresas como a Renaissance para descobrir padrões de comportamento dos ativos que possam gerar retornos positivos.

Pensando apenas em modelos de compra e venda de ações, essa busca por padrões e regras é ilimitada, pois qualquer espécie de informação pode ser usada: preços das ações, volume de negócios, variações de preço, indicadores fundamentalistas (lucro, fluxo de caixa, crescimento de vendas, etc), variáveis macroeconômicas (juros, crescimento, inflação, etc), entre muitas outras.

No entanto, é interessante notar que, apesar dos bons resultados obtidos por muitos desses fundos, a utilização de métodos quantitativos não é uma garantia de sucesso (muito menos de sucesso o tempo todo).

Recentemente, no início da crise de crédito americana, entre julho e agosto de 2007, alguns fundos quantitativos tiveram perdas que chegaram a 30% em um mês. Entre eles, outro fundo dos mais bem-sucedidos, o Global Alta Fund, do banco de investimentos americano Goldman Sachs.

Esse episódio mostrou que períodos de extrema turbulência e volatilidade podem ser muito ruins para esses os tipos de fundos, pois os padrões e regras que funcionaram no passado, subitamente, podem começar a gerar perdas de dinheiro.

Além disso, outro fator que aumentou as perdas naquela época foi o fato de muitos "hedge funds" empregarem regras bastante parecidas, o que leva a uma corrida para sair das posições em momentos de estresse. Afinal de contas, vários bancos e fundos contam com PhDs em seus departamentos de análise e as informações utilizadas são públicas, ou seja, qualquer um pode desenvolver seu próprio modelo quantitativo.

Para deixar um pouco mais claro que tipo de padrões e regras esses fundos usam, vejamos um exemplo utilizado para escolha de ações. É claro que este é um exemplo simples, porém, com ele é possível ter uma boa idéia do que são métodos quantitativos aplicados ao mercado financeiro.

O exemplo é baseado no trabalho de Robert A. Haugen, famoso professor de finanças americano, hoje responsável por uma empresa que vende modelos quantitativos de decisão. Em livros e trabalhos acadêmicos, Haugen mostrou que empresas com as menores relações Preço/Valor Patrimonial (price to book value) tendem a obter melhores retornos com o passar do tempo.

De acordo com essas regras, chamamos de "decil 10" as empresas consideradas "mais baratas". E de "decil 1" as mais caras. Se você tivesse investido , de acordo com regras semelhantes à descrita acima, no período de janeiro de 1996 até dezembro de 2007, teria obtido uma ótima performance. Vejamos: no "decil 10", o resultado do investimento teria atingido ,82. Já no "decil 1", somente ,31. Como comparação, o investimento no Índice S&P 500 teria chegado a ,22 no mesmo período.

Por fim, vale a ressalva de que não é adequado falar em "estratégias quantitativas", já que métodos quantitativos podem ser utilizados em quase todas as estratégias de "hedge funds".

Andre Delben Silva é sócio-diretor da Advisor Asset Management





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