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Opinião - Diferenças de gestão entre fundo e carteira pessoal

Andre Delben Silva
25/07/2008
Valor Econômico

Será que existe alguma diferença entre a gestão de um fundo de investimento e de uma carteira pessoal? Para fazer essa comparação, vamos pensar no caso de um fundo multimercado, comum no mercado brasileiro. Esse é um tipo de fundo que pode investir em praticamente qualquer tipo de ativo, ou seja, em tudo em que uma pessoa física também poderia investir. Na prática, existem muitas diferenças entre esses dois tipos de gestão.

Para começar, o fundo é gerido por um profissional, que faz isso como sua atividade principal - isso não quer dizer que todos sejam bons, mas esse detalhe já é outra história -, enquanto a carteira de pessoa física, muitas vezes, é gerida nas horas vagas por alguém que dedica pouco tempo a essa atividade, quando dedica algum tempo a isso. Embora essa seja a diferença mais importante, vamos esquecer essa história de profissional X amador, que é mais óbvia, e conhecer quatro outros itens que separam essas duas maneiras de se gerir um portfólio.

O primeiro aspecto relevante é o horizonte de investimento, ou seja, quanto tempo cada posição vai ser mantida na carteira. A pessoa física pode fazer uma posição e esperar cinco anos para obter resultado. Não que isso seja fácil, pois diante de resultados adversos, o investidor pode perder a convicção no investimento. Por outro lado, o fundo possui clientes, e que, em geral, acompanham de perto os resultados de curto prazo. Nesse contexto, mesmo que o gestor esteja olhando para o longo prazo, ele não pode se descuidar dos resultados do dia-a-dia, sob o risco de sofrer resgates dos clientes e com isso comprometer a sua estratégia de longo prazo, pois pode ter que desfazer posições antes do que gostaria.

Um bom exemplo dos efeitos muito variados do horizonte de investimento no resultado de uma carteira é o comportamento do Ibovespa na Era Lula. O índice teve alta significativa no período, porém com muitos sobressaltos ao longo do caminho. Na véspera da eleição de Lula, o Ibovespa atingiu a mínima em 16 de outubro de 2002. Até julho de 2008, havia subido quase 600%, ou 39% ao ano, um desempenho espetacular. Porém nesse período, tivemos pelo menos quatro grandes quedas superiores a 20%, a maior sendo de 28%, números suficientes para testar a resistência do investidor mais determinado.

Vejamos também o caso da Cisco Systems desde sua abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). Foi um grande negócio para seus investidores, porém, poderia ter sido melhor ainda, dependendo do horizonte de investimento. O caso da empresa americana de tecnologia é muito interessante. Desde seu IPO em 1990 até julho de 2008, o investidor teria ganhado impressionantes 29.000%, ou 36% ao ano, ante 9% do índice americano S&P 500. Contudo, no meio do caminho, no auge da bolha de tecnologia, esse ganho teria atingido 100.000% em março de 2000, ou quase 100% ao ano, para 19% ao ano do S&P no mesmo período. Por outro lado, quem tivesse começado o investimento em março de 2000, teria perdido até hoje 70% do valor ante uma pouca variação observada pelo S&P 500 no período.

Um segundo aspecto é o seguinte: é muito mais comum que o fundo trabalhe alavancado, ou seja, apostando mais do que seu patrimônio em algum tipo de posição. Em um cenário muito adverso, apostas alavancadas podem gerar perdas significativas e são responsáveis por diversas quebras de fundos ao longo da história. Para a pessoa física, é muito difícil fazer alavancagem, pois os bancos e corretoras têm regras mais rígidas de controle de risco, freqüentemente não permitindo esse tipo de operação. As únicas alternativas disponíveis para alavancagem de pessoas físicas são o termo de ações e as opções.

O terceiro aspecto é que os fundos têm a sua disposição uma gama maior de ativos (e derivativos) para investir do que aqueles geralmente oferecidos às pessoas físicas. Dois exemplos claros de produtos nessa categoria são os "swaps" e a possibilidade de se fazer posições vendidas em opções.

Por fim, temos o aspecto tributário. Todas as movimentações feitas dentro da carteira de um fundo são isentas de imposto de renda. É o cotista do fundo que paga imposto, periodicamente, por meio do come-cotas ou então no resgate. Para as pessoas físicas, praticamente todas as movimentações são sujeitas a impostos, seja de renda ou IOF, fato que tira bastante flexibilidade para movimentações constantes. As diferenças entre os dois tipos de gestão mostram que a filosofia de investimento escolhida deve ser adequada a cada caso.

Andre Delben Silva é sócio-diretor da Advisor Asset Management





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