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Índex Introdução

A questão da volatilidade: a renda fixa é mesmo fixa?

Silvio Luis Samuel
29/09/2010
Jornal Valor Econômico

Renda fixa é um termo muito conhecido, normalmente associado a investimento seguro. Entretanto, os ativos de renda fixa de prazo mais longo podem apresentar volatilidades significativamente maiores do que os investimentos tradicionais.

De fato, neste ano houve meses com retornos de 290% do CDI e meses com retorno de -64% do CDI - isto mesmo, retorno nominal negativo! Como é possível aproveitar-se dos retornos potencialmente maiores sem se assustar com a correspondente variabilidade?

O termo "renda fixa", segundo o site "Como Investir", da Anbima , tem origem na tradução literal do termo "fixed income", que define os títulos de dívida no mercado americano. De fato, lá os papéis em geral têm um cupom - que é um juro pago periodicamente - de valor fixo. Por exemplo, se um título é emitido com valor de US$ 1.000 e tem um cupom de 10% ao ano, ele pagará juros de US$ 100 por ano, totalizando US$ 1.100 ao fim de um ano.

Adaptando-se ao mercado brasileiro, um título prefixado (por exemplo, uma LTN) com cupom anual de 10%, duração de um ano, que vale no vencimento R$ 1.000, é comprado por um preço de R$ 909,09.

Desconsiderando o risco de crédito, o risco percebido desse investimento é mesmo baixo, pois não há volatilidade para quem carregar o título até o vencimento. Entretanto, às vezes pode ser necessário saber o valor desse título antes do vencimento, por exemplo, para antecipar a venda para cobrir uma eventual necessidade de caixa, numa partilha de bens de herança, separação conjugal ou cisão de empresas.

Nesse caso, deve-se analisar como se comporta o preço de acordo com o mercado no dia do resgate. No exemplo, se as taxas de juros caírem abaixo de 10% a.a., digamos 9% a.a., o título se torna mais valioso e pode, portanto, ser vendido por um preço maior do que seu preço de aquisição. Numericamente, o preço do papel subiria para R$ 917,43, que é o valor presente dos R$ 1.000,00, descontados pela taxa de 9% a.a.

Por outro lado, se os juros subirem, o título somente conseguirá ser vendido com um "deságio". No exemplo, numa alta de juros para 11% a.a., o título somente será atraente se for vendido a R$ 900,90 (perda de 0,9%), pois aumenta a taxa de desconto do título.

Interessante notar que esse efeito é tanto maior quanto mais longo é o título. De fato, a mesma alta dos juros aplicada sobre títulos de dois anos levaria a uma queda de quase 1,8%.

Como os fundos de Renda Fixa fazem a "marcação a mercado" na apuração do valor diário da cota, essa oscilação se traduz em variabilidade nos retornos, os quais serão tanto maiores quanto maior for o prazo médio dos títulos da carteira.

Embora interrompida neste ano, a tendência de queda do juros deve levar os investidores a buscarem alternativas mais rentáveis. Uma delas é o aumento no prazo médio das carteiras, já que os títulos mais longos tendem a apresentar taxas de juros mais atraentes.

Para dar transparência aos investidores e possibilitar o entendimento dos movimentos de mercado, pode-se mensurar o comportamento de carteiras compostas por títulos de dívida, de forma semelhante ao que o Índice Bovespa faz para as ações.

Nesse contexto, a Anbima criou os índices IMA, os quais medem os retornos de carteiras de títulos públicos, conforme os respectivos indexadores e prazos. Tais índices, criados há mais de cinco anos, têm-se mostrado eficientes para avaliar se um determinado investimento em títulos de renda fixa está ou não apresentando retornos e volatilidade compatíveis com as características dos ativos em que ele investe.

Recentemente, foi criado o índice de títulos prefixados com prazo até um ano (IRFM 1), que pode ser um veículo para tornar gradativa a migração dos investimentos com horizonte de um dia (CDI) para os de prazos mais longos, de cinco a dez anos. Com isso, os investidores poderão se acostumar com o comportamento dessa nova "renda fixa" e se beneficiar de retornos potencialmente maiores.

A renda fixa tem menos riscos que a renda variável, mas não necessariamente é sinônimo de investimento sem riscos. Informe-se mais sobre o funcionamento, conheça as opções, decida de forma consciente e use ferramentas adequadas para monitorar a performance.

Silvio Luis Samuel é especialista em performance de investimentos da Itaú Asset Management e coordenador do subcomitê de Benchmarks da Anbima





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