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Índex Introdução

Tartarugas, computadores e o sucesso da análise gráfica I

17/12/2007, Valor Online, Marcio Lyra

Resolvi escrever este artigo após verificar uma série de erros no texto "Chimpanzés e a análise gráfica de ações, uma crítica" de Luiz Codorniz. Meu intuito é esclarecer algumas informações e divulgar fatos sobre a Análise Técnica.

Análise Técnica (AT) não é apenas mais uma denominação da Análise Gráfica (AG). A AT utiliza as informações geradas pela AG e as relaciona a uma série de outros instrumentos e regras de "trading" e "risk management". O objetivo primordial das duas disciplinas é tentar prever o movimento futuro dos preços dos ativos estudados. Sua atuação não se restringe apenas a análise de ações, uma vez que seus princípios podem ser aplicados nos mercados de commodities, de renda fixa e de moedas.

Existem diversas Escolas Gráficas. As mais conhecidas são: Análise Clássica, "Elliott Wave" e "Candlesticks". O Analista Gráfico faz suas previsões baseando-se apenas nos gráficos dos ativos e nos conceitos de sua "escola". O Analista Técnico usa as diversas escolas gráficas e as associa a informações obtidas de outras fontes (pesquisas e modelos matemáticos).

Todas as escolas gráficas são fundamentadas nos mesmos conceitos básicos:

1. Os preços dos ativos financeiros refletem todas as informações disponíveis no mercado sobre estes ativos, assim como o posicionamento e as expectativas dos investidores em relação aos preços futuros destes ativos. O comportamento dos investidores não é perfeitamente racional e por isso os preços sofrem influência do componente emocional dos agentes;

2. Os preços não se movem de forma aleatória e sim sob a forma de tendências ao longo do tempo;

3. As séries de preços produzem padrões identificáveis que se repetem ao longo do tempo. Estes padrões podem ou não ser constatados com uma simples inspeção visual.

O pilar da AT reside na afirmação de que as séries de preços dos ativos financeiros carregam alguns padrões que podem servir para previsões dos preços futuros destas mesmas séries. A mais forte evidência empírica de que isto é uma fato está na performance de um fundo denominado "Medallion Fund". Este fundo possui mais de US$ 6 bilhões de patrimônio e apresenta um retorno bruto superior a 60% ao ano desde 1990, sem jamais produzir um retorno negativo em um ano qualquer.

O "Medallion" pertence à empresa chamada "Renaissance Technologies LLC", que gere mais de US$ 30 bilhões e é presidida pelo matemático James Simons. Simons emprega apenas PhDs em física e matemática. Suas operações são exclusivamente fundamentadas em padrões detectados nas séries de preços e volumes com o auxílio de computadores e algorítmos matemáticos.

Alguém conhece um "value investor" com essa performance e consistência?

D. Keith Campbell e William Dunn são outros dois nomes de sucesso que usam apenas conceitos de AT em sua gestão de recursos.

Campbell fundou a "Campbell and Co", que possui mais de US$ 9 bilhões sob gestão. Pertence ao "Hall of Fame" da FIA e doa anualmente milhões de sua fortuna para sua fundação ecológica. Dunn criou a "Dunn Capital Management" em 1974. Administra alguns bilhões de dólares e seu principal fundo possui um retorno anualizado bruto de 24% nos últimos 30 anos.

Para mostrar que a análise técnica pode ser qualificada como uma metodologia de investimentos, menciono um experimento que ficou conhecido como "Turtle Program" (Programa da Tartaruga) e que foi conduzido na década de 80 por R. Dennis.

Este programa selecionou indivíduos sem conhecimento prévio de finanças. Seu objetivo era ensinar a estas pessoas regras de "trading" de acordo com a filosofia de que os mercados se movem em tendências, e não de forma aleatória. Os alunos deveriam executar estas regras de forma sistemática nos mercados financeiros por um período de tempo.

A maioria dos alunos obteve lucro, confirmando que os conceitos básicos de AT podem ser compreendidos e utilizados com êxito por pessoas comuns. Pelo menos dois destes se tornaram posteriormente grandes investidores e milionários: R. J. Parker (sócio da "Chesapeake Capital Corporation") e Curtis Faith.

É importante saber que, apesar da existência de regras claras e objetivas, a aplicação da análise técnica também envolve uma parcela de subjetividade. A capacidade de reconhecimento de padrões em imagens não é uniforme entre as pessoas. Isso faz com que certos indivíduos tenham mais facilidade que outros na aplicação de alguns conceitos da AT.

Na segunda parte deste artigo apresentarei referências científicas validando a AT e a AG.





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