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Índex Introdução

Tartarugas, computadores e o sucesso da análise gráfica II

Valor Online, Marcio Lyra

Antes de retomar minha explanação sobre Análise Técnica ( AT ) iniciada na 1ª parte deste artigo, devo registrar que acredito que o "value investing" também seja uma abordagem eficiente na avaliação de investimentos. Mas é importante que o leitor perceba que existe apenas um Warren Buffett dentre milhões de usuários desta técnica, e que o número de usuários extremamente bem sucedidos também é percentualmente pequeno. Isto mostra que as regras do "value investing" também estão sujeitas a um certo grau de subjetividade. Projeções de fluxos de caixa, taxas de desconto e outros parâmetros são estimativas subjetivas dos analistas.

Desejo citar apenas alguns dos muitos autores que escreveram artigos e livros validando cientificamente os princípios e a utilização da AT e da Análise Gráfica (AG). São eles: Benoit Mandelbrot, Daniel Kahneman e Amos Tversky, Christopher Neely e Paul Weller e Andrew Lo.

Mandelbrot é considerado um dos maiores gênios vivos da matemática. Criador do termo "fractal" e pesquisador do assunto por várias décadas, escreveu diversos livros que discorrem sobre a não-aleatoriedade dos preços e sobre o comportamento fractal existente nas séries de preços dos ativos financeiros.

Kahneman e Tversky receberam o Prêmio Nobel de Economia em 2002 com o livro "Choices, Values and Frames". Este livro é uma compilação de artigos sobre o efeito do comportamento humano em diversas áreas da economia e na formação das séries de preços de ativos financeiros.

Neely e Weller são pesquisadores do "The Federal Reserve Bank". Produziram alguns artigos entre os anos de 1997 e 2000 validando o uso da AT no mercado internacional de moedas.

Andrew Lo é PhD por Harvard e diretor do "MIT Laboratory for Financial Engineering". Escreveu o artigo "Foundations of Technical Analysis: Computational algorithms, statistical inference, and empirical implementation", que aborda diretamente a AG clássica e seus padrões. Seu trabalho detecta padrões gráficos ocorridos nos últimos anos nas séries de ações pertencentes ao Índice Dow Jones Industrial. Esta detecção foi feita por algorítmos matemáticos sem estar sujeita a qualquer tipo de subjetividade. Lo testou o retorno de curto prazo apresentado pelos ativos após o término destas formações gráficas. Os retornos encontrados foram bastante superiores à média e estatisticamente significativos. Não satisfeito com os resultados já obtidos, Lo reconstruiu aleatoriamente as séries de preços analisadas e refez suas pesquisas nestas novas séries. Sua conclusão foi de que os padrões mais eficientes encontrados nas séries originais praticamente não ocorrem nestas séries randômicas. Isto

mostra que suas ocorrências em séries reais de ativos não se devem a simples coincidências ou ao acaso.

Menciono também o artigo "On the Statistical Validation of Technical Analysis" publicado na Revista Brasileira de Finanças. Pesquisadores brasileiros refizeram o estudo do artigo de Lo aplicando testes estatísticos mais "restritivos". "Curiosamente" chegaram à mesma conclusão: formações gráficas clássicas carregam algum tipo de informação.

Minha crítica em relação ao uso da AT diz respeito apenas a certos indivíduos que se autodenominam analistas técnicos. Infelizmente, qualquer pessoa pode se achar capaz de emitir uma opinião ao olhar para um gráfico de preços. Muitas vezes os maus profissionais são os maiores responsáveis por imagens negativas que uma disciplina eventualmente possa vir a refletir. Apesar de ainda incipiente no Brasil, a AT é tratada há muitos anos com muita seriedade no exterior. Existem dezenas de organizações de analistas técnicos em diversos países. A mais antiga delas é a "Market Technicians Association" (MTA) (www.mta.org) fundada em 1973 nos Estados Unidos. Seus objetivos são a difusão da AT, da AG e a educação da comunidade financeira em relação aos seus conceitos.

O MTA possui membros em 56 países e é responsável por uma certificação profissional chamada "Chartered Market Technician" (CMT). Para adquirir o CMT o proponente deve realizar três provas de conhecimentos teóricos e práticos na aplicação dos instrumentos e conceitos da AT. Esta qualificação possui o mesmo nível de senioridade junto a NYSE, ao NASD e aos órgãos reguladores e disciplinares americanos (SEC) que o CFA.

Espero que as informações neste texto auxiliem os leitores em sua busca por conhecimento e que possam abrir espaço para discussões e críticas saudáveis e ponderadas.

Marcio Rosandiski Lyra é professor do curso de MBA em finanças do IBMEC e integrante do Market Technicians Association, Inc. ( MTA )





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