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Tesouro Direto X Fundos de Renda Fixa: quando um é mais vantajoso que o outro?

Por: Thiago Salomão
19/01/11 - 11h36
InfoMoney

SÃO PAULO – Foi-se o tempo em que o investidor era “refém” de terceiros para realizar investimentos no mercado de renda fixa. Através do Tesouro Direto, podemos comprar ou vender títulos públicos sem sequer sair de casa. Além da praticidade, o Tesouro Direto mostra-se mais vantajoso do que os fundos de renda fixa em pontos cruciais, tais como os custos e a rentabilidade do investimento.

Apesar de tudo isso, os fundos de renda fixa permanecem firmes na liderança do mercado brasileiro, fechando 2010 com a maior captação líquida da indústria (R$ 38,4 bilhões) e participação de mais de 27% no mercado de fundos de investimentos, segundo o boletim de dezembro da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais).

Assim como o homebroker foi para o mercado de ações, o Tesouro Direto trouxe ao investidor comum a capacidade e a autonomia de realizar e gerenciar suas próprias operações no mercado de títulos públicos sem a necessidade de intermediadores - basta ter uma conta em uma corretora licenciada. Mesmo com tantas vantagens, o Tesouro Direto ainda mostra-se distante dos sólidos números do mercado de fundos de renda fixa. Por que isso ocorre?

Falta de informação ainda é um entrave
Um dos empecilhos para a expansão do Tesouro Direto ainda é a falta de informação que os investidores têm dessa forma de investimento. É o que explica Emerson Castello Branco Simenes, consultor financeiro e empresarial da CBS Consultoria Financeira. “Se você perguntar para as pessoas o que é Tesouro Direto, poucas vão responder, e dentro desse grupo, um número menor ainda vai saber explicar como trabalhar com isso”, diz o consultor.

Por outro lado, os fundos de renda fixa são produtos comercializados e amplamente divulgados por praticamente todos os bancos, ficando muito mais expostos aos investidores. A diversidade de fundos que são criados incessantemente, aliada à maior comodidade e facilidade que é aplicar em um fundo - já que todo o "trabalho" fica nas mãos de um gestor - fortalece essa tendência, explica Simenes.

Já o professor da Trevisan Escola de Negócios, Ricardo Cintra, comenta que tem percebido por intermédio de seus alunos um interesse maior pelo público jovem em buscar informações sobre o Tesouro Direto. “Eu venho percebendo uma mudança nessa tendência, embora ainda haja uma predominância de falta de informações sobre o assunto”, avalia Cintra.

Seguindo a linha de raciocínio do professor, o consultor financeiro da CBS ressalta que, apesar da facilidade em realizar operações pelo site do Tesouro, os investidores precisam mostrar disposição para saber mais sobre essa forma de aplicação. “Quem vai administrar os seus recursos é você mesmo, você não vai pagar taxa de administração pra banco nenhum”, explica Simenes.

* As vantagens do Tesouro Direto:

1. Taxa de administração:
Já comentado anteriormente, um dos pontos favoráveis ao Tesouro Direto está na questão dos custos para o investimento. Conforme explica o professor Cintra, fundos com semelhantes características podem apresentar diferentes taxas de administração, que variam em média entre 1% e 4% ao ano, enquanto que no Tesouro a mesma cobrança feita pelas corretoras giram entre 0% e 1% ao ano.

Outra cobrança que também atinge valores irrisórios na compra de títulos públicos por conta própria é a taxa de custódia, que atinge uma média de 0,4% ao ano sobre o patrimônio, ressalta Silvio Hilgert, diretor acadêmico da XP Educação. “A questão custo é um diferencial bastante expressivo a favor do Tesouro Direto”, frisa Hilgert.

2. Rentabilidade mais atraente no longo prazo:
Outro ponto positivo para o Tesouro Direto está na tributação. Nos fundos de renda fixa, o recolhimento do imposto de renda é feito diretamente na fonte a cada seis meses através do evento conhecido como come cotas, que reduz a quantidade de cotas desse investidor. Isso acaba trazendo um impacto na rentabilidade principalmente em períodos longos de aplicação, já que essa redução de cotas acaba diminuindo a base de cálculo dos fundos, enquanto no Tesouro Direto a base permanecesse inalterada.

Para elucidar a questão: imagine que você comprou R$ 10 mil em cotas de um fundo de renda fixa e R$ 10 mil em títulos públicos via Tesouro Direto. Vamos supor ainda que ambos terão um rendimento de 10% ao ano. No primeiro ano, a aplicação via Tesouro Direto passará de R$ 10 mil para R$ 11 mil (R$ 10 mil + 10%). No ano seguinte, ela irá para R$ 12,1 mil (R$ 11 mil + 10%), ou seja, crescerá em bases exponenciais. Já no fundo, a base de cálculo crescerá em um ritmo menor, já que esta terá como contrapartida a diminuição semestral de cotas provocada pelo come cotas.

Sendo assim, quanto mais longo for o horizonte de tempo, mais rentável será o investimento em títulos público via Tesouro Direto em relação à aplicação em fundo de renda fixa.

3. Valor de aplicação:
A questão dos valores de aplicação também merece ser levada em conta. Segundo o professor da Trevisan, o fato do Tesouro Direto negociar frações títulos – uma quantidade inferior a um título – acaba dando condições para qualquer investidor participar desse mercado. “É uma linguagem comum você falar 0,2 título, por exemplo”, explica Cintra.

Dessa forma, um investidor pode comprar títulos pelo Tesouro Direto utilizando um capital próximo de R$ 200, o que não é tão comumente visto na indústria de fundos de renda fixa – apesar de haver fundos com aplicação mínima de até R$ 100,00, eles não são predominantes no mercado.

* As vantagens dos fundos:

1. Comodidade:
Embora no aspecto de custos o Tesouro Direto consiga se destacar positivamente, os fundos acabam ganhando atratividade por outros motivos. A primeira vantagem é a de que o investidor não precisa ter um conhecimento tão profundo de mercado ou saber a diferença entre cada um dos títulos existentes para se tornar um cotista. Basta apenas que você identifique um fundo com objetivos alinhados aos seus e compre cotas dele, deixando nas mãos do gestor o processo de decisão.

Além disso, o fundo também poupa o trabalho do investidor que não deseja gerenciar sozinho as suas aplicações em renda fixa. Embora hoje em dia seja muito prático operar no Tesouro Direto, os fundos facilitam o processo daqueles investidores que não querem passar por todas as etapas necessárias para aplicar nesse mercado – acessar o site do Tesouro, fazer o cadastro, montar a operação, escolher os ativos, entre outros –, explica Hilgert.

O argumento, embora verdadeiro, é visto com maus olhos pelo professor da Trevisan. “Muita gente para quem eu recomendo o Tesouro Direto me responde que isso dá muito trabalho”, comenta Cintra, que avalia a resposta como extremamente imprópria. “Se você está tentando defender o poder de compra do lado de seu patrimônio e diz que prefere aplicar em fundos de renda fixa porque dá menos trabalho do que aplicar em Tesouro Direto, isso é uma resposta que parece pouco séria diante do assunto e das responsabilidades envolvidas”, argumenta.

2. Diversificação:
Outro aspecto positivo para os fundos de investimento em renda fixa é que eles propiciam ao investidor uma maior facilidade em diversificar suas aplicações do que no Tesouro Direto, diz o diretor acadêmico da XP. “Um fundo pode comprar vários tipos de papéis com vencimentos e características diferentes, e o investidor estará participando de tudo isso mesmo com um capital limitado”, explica.

Contudo, mesmo que o investidor tenha uma quantia suficiente para conseguir diversificar suas operações via Tesouro Direto, Hilgert volta à polêmica questão da comodidade: ao diversificar seus investimentos por conta própria, você terá que montar várias operações, tendo que gerenciar cada uma delas. “No caso do fundo, o gestor se preocupará em gerenciar tudo isso, tornando o trabalho mais fácil”, comenta.

3. Liquidez:
Outra questão com relativa relevância é a da liquidez. Visando garantir condições aos investidores que pretendem vender seus títulos de renda fixa antes do vencimento, o Tesouro Nacional realiza uma vez por semana a recompra de títulos – costumeiramente às quartas-feiras. Já na indústria de fundos, a liquidez é quase que diária. “Respeitando o horário que o banco estabeleceu para atender uma possível liquidação de sua posição em um fundo, você recebe o crédito em sua conta no própria dia”, explica Cintra.

A diferença entre a liquidez diária fornecida pelos fundos e a liquidez semanal do Tesouro Direto pode ser um fator extremamente decisivo principalmente para os investidores que aplicam no curto prazo. “A pessoa que vai aplicar por dois ou três anos não vai ficar preocupada se o resgate do Tesouro Direto ocorrerá na quarta-feira ou não. Isso é uma preocupação mais típica do aplicador de curto prazo, que está mais inseguro. Mas isso é um detalhe técnico que não podemos desconsiderar”, afirma o professor da Trevisan.

4. Imprevistos:
Por último, não podemos desconsiderar os imprevistos que podem acabar nos obrigando a se desfazer de nossos investimentos. Embora isso não seja benéfico em nenhum dos casos, os efeitos são menores nos fundos de renda fixa, explica Simenes. "Quando você compra um título de longo prazo, você sabe o quanto vai ganhar se, e se somente se, você resgatá-lo no prazo. Se por um acaso você o resgate antes do prazo, você pode até ter um rendimento negativo nesse investimento", diz o consultor financeiro da CBS.

Por isso, antes de escolher onde aplicar seu capital, faça uma provisão de seus gastos, de modo a evitar - ou pelo menos minimizar - uma situação em que você tenha que vender suas aplicações antes do prazo de vencimento. "Só faça isso se você realmente souber o que está fazendo. Caso contrário, opte pelo fundo de renda fixa", conclui Simenes.





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