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Índex Introdução

Não transforme renda transitória em gastos permanentes

Por Marcelo d'Agosto

A maioria das pessoas não tem o hábito de investir uma determinada parcela de seus ganhos, mensalmente, no mercado financeiro e a razão para isso, na maioria das vezes, está relacionada com a falta de planejamento ou insuficiência de renda. Não é uma constatação surpreendente ou inusitada.

Alguns modelos teóricos buscam estudar a atitude das pessoas em relação à divisão que fazem entre gastos e poupança, partindo da análise dos rendimentos. Para tanto, dividem os ganhos recebidos em dois tipos: os de caráter permanente e os com características transitórias. São considerados como rendimentos permanentes aqueles que garantem o sustento das necessidades dos indivíduos e de suas famílias. Já os rendimentos transitórios são obtidos esporadicamente e complementam os rendimentos permanentes.

Por esse raciocínio, as pessoas tendem a gastar o montante equivalente aos rendimentos permanentes e a poupar a maior parte daqueles considerados transitórios. Apesar do valor total da renda ser uma variável importante, não é o fator que determina a capacidade individual de poupança. Para ilustrar esse ponto, tente imaginar as diferenças entre o padrão de consumo de um funcionário público e o de um agricultor.

Para o funcionário público, toda a renda anual recebida pode ser gasta, porque no ano seguinte, e eventualmente até mesmo na aposentadoria, os rendimentos permanecerão constantes.

No caso do agricultor, apenas uma parte relativamente pequena da renda recebida em um determinado ano pode ser considerada renda permanente e, portanto, gasta. Isso porque ele deve se preparar para a safra do ano seguinte, que pode, inclusive, ser pior do que a safra atual.

Como a renda permanente do funcionário público é maior do que a do agricultor, a preocupação com os investimentos tende a ser menor. Por outro lado, uma boa parcela da renda que o agricultor recebe em um determinado ano tem o caráter transitório, porque deve ser usada na preparação para a próxima safra. O agricultor, então, investe a sua renda transitória para usá-la em algum momento no futuro.

Salário, aluguéis recebidos e pró-labore são formas de renda permanente, enquanto que dividendos, bônus, participação nos lucros e décimo terceiro salário são exemplos de transitórias.

A ausência do hábito de investir periodicamente cria o problema da falta de familiaridade com as aplicações financeiras e pode emperrar a escolha dos investimentos no momento em que se recebe uma renda transitória.

Tendo em vista a atual sofisticação do mercado financeiro, mesmo os investidores pouco habituados a poupar podem fazer aplicações diversificadas e potencialmente rentáveis com certa facilidade. Veja, por exemplo, um investimento que combina a compra de um título público corrigido pela taxa Selic, a LFT com vencimento em março de 2014 e a aquisição de cotas do fundo de índice negociado em bolsa que tem como referencial o Ibovespa, o ETF Bova11. A aplicação pode ser feita pela Internet.

O investidor que tivesse guardado uma parte do bônus, ou qualquer outro tipo de renda transitória recebido em novembro de 2009, e adotado a estratégia de aplicar 80% na aquisição do título público federal e 20% na compra de cotas do ETF teria conseguido, depois de 24 meses, rendimento de 16,47% antes do imposto de renda.

Repare que, nesse período, o desempenho do mercado acionário foi péssimo, com queda de pouco mais de 6% do Ibovespa. A LFT, por outro lado, compensou a perda da bolsa e rendeu 22%.

Mas mesmo que você não tenha nenhuma familiaridade com o mercado financeiro e tivesse decido aplicar na caderneta de poupança, sua rentabilidade, líquida de imposto de renda, teria sido de 14,67% no período.

Quando você cria o hábito de investir parte de seus ganhos no mercado financeiro, você ganha familiaridade e confiança para diversificar seus investimentos e evitar armadilhas, geralmente relacionadas com alternativas muito complicadas e que, na maioria das vezes, possuem elevado custo de transação.

Mantenha as coisas simples e tenha em mente que o seu objetivo deve ser o de não transformar toda a sua renda transitória em gastos permanentes, mesmo que você tenha um rendimento elevado ou trabalhe no serviço público.

Marcelo d'Agosto é economista especializado em administração de investimentos com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro





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