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Índex Análise Fundamentalista Índex Análise de Balanços

SALDO DE TESOURARIA(T)

Além de ser calculado pela diferença entre o ativo e o passivo erráticos (T = ACF - PCO), o saldo de tesouraria pode ser visualizado como sendo um valor residual obtido da diferença entre o capital de giro e a necessidade de capital de giro.

T = CDG - NCG


Sem determinar épocas do ano poderão surgir pressões de natureza sazonal que determinam a expansão da NCG. Nessas ocasiões T poderá se tornar negativo, uma vez que o levantamento de empréstimos a curto prazo e o desconto de duplicatas constituem fontes de financiamento adequadas para atender as necessidades temporárias de recursos.

Entretanto, se o CDG > 0, o NCG > 0 e CDG < NCG configurar uma situação não transitória, T será cronicamente negativo, indicando o risco de insolvência pelo fato de a empresa estar financiando o NCG e/ou ativos permanentes como fundos onerosos de curto prazo.

Na prática seria muito remota a possibilidades de se encontrar o CDG = 0, NCG = 0 e CDG = NCG. Assim desprezando essas alternativas, pode-se localizar na tabela configurações que reflitam 6 tipos básicos de estrutura de balanços, cujas características são descritas a seguir.

Tipo I

CDG > 0 e NCG < 0   -->   T > 0
Sendo CDG > NCG   -->   T > CDG > NCG



Balanços com esse tipo de estrutura refletem excelente liquidez, pois apresentam:

* Recursos permanente aplicados no ativo circulante (PNC > ANC   -->   CDG > 0) e, consequentemente, boa folga financeira para honrar as exigibilidades de curto prazo
(AC > PC);
* Passivos de funcionamentos maiores do que ativos circulantes operacionais
(ACC < PCC   -->   NCG < 0);
* Ativos circulantes financeiros excedendo aos passivos circulantes onerosos
(ACF > PCO   -->   T > 0).

Supermercados e empresas varejistas de artigos populares costumam apresentar balanços com a configuração do Tipo 1,porque compram a prazo, giram rapidamente os estoques e vendem à vista. Isto implicaria em um ciclo financeiro muito reduzido ou até mesmo negativo. Na verdade, por trás dessas atividade comerciais existe expressiva captação de recursos, fazendo com que as receitas financeiras tenham significativa participação na formação do lucro líquido. Nestas circunstâncias, quanto maior for o volume de vendas, maior será o saldo positivo de tesouraria. Entretanto, se ocorrer queda brusca nas vendas (devido à atuação da concorrência ou a uma recessão econômica) T declinará rapidamente, podendo até transformar-se de positivo em negativo. Deste modo, verifica-se que empresas com este tipo de balanço apresentam alto grau de sensibilidade às flutuações das vendas.

Os dirigentes dessas empresas devem resistir à tentação de investir essas sobras de recursos em ativos permanentes, (expansão da rede de lojas, investimentos em outros ramos de negócios, etc.), uma vez que os elevados saldos de tesouraria decorrem em grande parte de passivos de curtíssimo prazo que precisam ser continuamente renovados.

O ciclo de produção e o prazo médio de cobrança tornam praticamente impossível encontrar empresas industriais com balanços deste tipo.

Tipo II

CDG > 0 e NCG > 0

sendo CDG > NCG   -->    T > 0


NCG positivo significa que os passivos em funcionamento (PCC) são insuficientes para atender às necessidades de financiamento dos ativos operacionais de curto prazo (ACC).

Neste tipo de balanço, os recursos permanentes aplicados no capital de giro (CDG) suprem a insuficiência do PCC e ainda permitem a manutenção de um saldo positivo de tesouraria.

O saldo positivo de tesouraria indica uma situação financeira sólida enquanto for mantido determinado nível de operações. Entretanto, a expansão das vendas provocará aumento de NCG e consequentemente redução do T. Se essa expansão for sazonal, logo a empresa retornará à situação original (reforçada por um aumento de CDG decorrente da capitalização dos lucros adicionais). Por outro lado, um aumento grande e repentino das vendas fará com que o rápido crescimento da NCG absorva todas as disponibilidades e demande novos empréstimos de curto prazo, tornando T negativo e, consequentemente, desestabilizando a estrutura financeira da empresa.

Tipo III

CDG > 0 e NCG > 0

sendo CDG < NCG   -->   T < 0 e T < CDG < NCG


Este tipo de balanço indica situação financeira insatisfatória, uma vez que o CDG é inferior ao NCG. Empresas com este tipo de estrutura patrimonial são bastante dependentes de empréstimos de curto prazo para financiar suas operações. O aumento da vulnerabilidade financeira acorre a medida em que cresce a diferença entre o CDG e o NCG e, consequentemente, é ampliado o saldo negativo de tesouraria.

Tipo IV

CDG < 0 NCG > 0   -->   T < 0,
sendo CDG < NCG   -->   T < CDG < NCG


O CDG negativo indica que a empresa está financiando ativos não circulantes com dívidas de curto prazo (PNC < ANC   -->  AC < PC), revelando desequilíbrio entre as fontes e as aplicações de recursos. Isto seria suficiente para configurar um situação financeira ruim e restringir o acesso da empresa às fontes de financiamentos de curto prazo. Entretanto, mesmo com CDG negativo, poderia acorrer da empresa continuar obtendo crédito junto aos seus fornecedores e levantar empréstimos bancários. Isto aconteceria mediante o oferecimento de garantias adicionar, tais como: aval de proprietários detentores de grandes fortunas, solidez do grupo econômico a que pertence a empresa, conceito creditício aos sacados de duplicatas descontadas ou dadas em garantia, etc.

Neste tipo de balanço deve-se ressaltar que a ocorrência simultânea de NCG positiva e CDG negativo indica péssima situação financeira, com a possibilidade de agravamento com a expansão dos negócios, evidenciado pelo crescimento do saldo negativo de tesouraria.

Empresas privadas com este tipo de balanço estariam à beira da falência, a menos que seus acionistas controladores pudessem fornecer-lhe algum tipo de apoio externo.

Essa configuração aparece com maior frequência em empresas estatais mal administradas, com preços ou tarifas defasados, etc. Essas estatais sobrevivem graças às periódicas injeções de recursos realizadas pelos seus acionistas majoritários.(governo federal, estatal ou municipal) e também por poderem contar com um fluxo regular de receitas operacionais face ao fato de deterem posição monopolista em um mercado cuja demanda é inelástica. É o caso de empresas distribuidoras de energia elétrica, empresas de telecomunicações, ferrovias e etc.

Tipo V

CDG < 0 e NCG < 0
sendo CDG < NCG   -->   T < 0

Neste tipo de balanço a situação financeira é muito ruim, porém menos grave do que no Tipo IV devido ao fato dos passivos de funcionamento excederem às necessidades de recursos para financiar os ativos circulantes operacionais (ACC < PCC   -->   NCG < 0). Isto atenua os efeitos negativos sobre o saldo da tesouraria.

Tipo VI

CDG < 0 e NCG < 0
sendo CDG > NCG   -->   T > 0 e T > CDG > NCG


Este tipo de balanço revela que a empresa estaria desviando sobras de recursos de curto prazo para ativos não circulantes e mantendo um saldo positivo de tesouraria. Uma situação como essa não poderia ser mantida por muito tempo, pois uma queda no volume de vendas esgotaria rapidamente a parcela excedente do PCC, invertendo o sinal do NCG e do saldo da tesouraria.

Trata-se de um tipo de configuração que envolve alto risco de insolvência.

Auto Financiamento da Expansão do NCG

A análise das possíveis configurações entre o CDG, a NCG e o T evidenciou que uma situação financeira sólida implica na manutenção de CDG positivo e maior do que a NCG. Desta forma, ocorrendo NCG positiva, o CDG seria suficiente para financiá-la e ainda gerar um saldo positivo de tesouraria (CDG > 0, NCG > 0, CDG > NCG e T > 0).

Para que a expansão da NCG (positiva) não prejudique a situação financeira da empresa será necessário que o CDG também aumente.

Os lucros retidos (lucros líquidos - dividendos ) permitirão expandir o CDG, desde que tais recurso gerados internamente não sejam desviados para o financiamento de novos ativos não circulantes (ANC = RLP + AP). Assim, se a empresa captar externamente recursos próprios ou recursos de terceiros a longo prazo em montante suficiente para financiar as aquisições de ativos fixos e de outros ativos permanentes, os recurso gerados pelas operações poderão ser integralmente reaplicados no capital de giro.

Para determinar o valor dos fundos incorporados ao CDG, deve-se adicionar ao lucros retidos as despesas de depreciação, amortização e exaustão que foram recuperadas nas receitas de vendas, mas não representaram utilização de CDG. No DOAR essas despesas são somadas ao lucro líquido pela mesma razão e os dividendos aparecem como aplicação de CDG.

Dentro das premissas acima, o autofinanciamento da NCG apresenta o seguinte mecanismo ou sequência.


A seguir é apresentado transações que afetam o capital de giro.

a) Transações que aumentam o capital de giro:

- Lucro líquido de exercício;
- Aumento pelos acionistas através da integralização de capital;
- Através da obtenção de empréstimos de longo prazo;
- Transferência de realizável longo prazo em ativo circulante;
- Vendas de bens do ativo permanente à vista ou a curto prazo.

b)Transações que reduzem o capital de giro:

- Prejuízo líquido de exercício;
- Aquisição à vista ou a curto prazo de ativo imobilizado;
- Aplicação no ativo diferido;
- Pagamento de dividendos;
- Empréstimos a longo prazo;
- Transferência de dívida de longo prazo para curto prazo.

c) Transações que não afetam o capital de giro:

- Recebimento de duplicatas a receber(clientes);
- Compra de mercadorias à vista ou a curto prazo;
- Aquisição de bens do ativo permanente a ser pagas a longo prazo;
- Venda de estoques de produtos acabados á vista ou a curto prazo;
- Integralização de capital em bens do ativo permanente;
- Conversão de empréstimos de longo prazo em capital, etc.





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